Liberdade. Sociedade. Beijo lésbico. Ego.
"Liberal eu não sou! Não acredito na liberdade em si, e nem acredito na possibilidade de encontrar instituições que dariam forma para 'a' liberdade". Jacques Ellul, filósofo, sociólogo, etnólogo, em entrevista ao Le Monde. 13.9.81.
O que diria Ellul hoje duma sociedade que inventa uma culpa psicanalítica por criticar, meramente por isso, mas despecaminiza todas as faltas de éticas, inclusive as que seriam objeto imanente de crítica? A questão da liberdade transcendeu a possibilidade de ficar nu ou se masturbar onde se quisesse, um tônus anárquico clássico, para chegar à abstração teorética do patrulhamento. O cerceamento da liberdade nessa sociedade-mundo-corporativo é cem vezes mais nefasta que o velho e romântico poder andar nu pelas ruas, além de se pegar um resfriado. Nao levo a conversa para a arte onde a ontogênese daquela contextura é livre e aberta e será inautorizada qualquer tentativa de falação. Ops, menos falar bem de Hitler em Cannes, como foi o diretor de cinema que cumpriu seu papéu propagandístico personalista, um caminho com volta, claro. Como Rafinha Bastos será perdoado por essa leniência urbana aliada a um perdão cristão velhado e em desuso, salvo para os "nossos". Nossa sociedade não pune mais, nem as crianças detestáveis, nem os "jovens" matadores com 17 anos, nem os presidiários, cuja onda é pô-los na rua o mais rápido, e as vítimas e famílias que se lixem. A última moda é mocinhas de 15 anos experimentarem o beijo interfêmeo na boca, lingual, nem numa lesbianidade declarada, mas inocuidade mental da rapidificação da experiência verdadeira, homem mulher, só que pelo viés da transgressão. Nem elas se comem, nem dão, garantindo assim um consumo sociologicamente patético de relações vazias e semitolas. Isso não é liberdade esgarçada, é detraqueísmo mental, perda da reflexão com o Eu e o Outro e a vida pela subjacência, não pela superfície do belo. Depois continuo.
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