segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Toda regra tem exceção? Pare de ser chato!

A regra


Atualizado em nov. 2012

Como este texto é muito visitado e originariamente foi feito sem grandes preocupações, achei legal dar "um" tapa* nele para melhorá-lo.  A "regra" do título nada tem que ver com a menstruação da mulher, aquele mar poético de vida e amor que mensalmente vem (e é esperado, veja que lindo) para lembrar ao parceiro que ela é uma mulher e que naqueles dias tudo fica mais "fácil", lubrificado...

Vez em quando escrevo alguma coisa no meu Facebox e sou "lembrado", didaticamente, que "toda regra tem exceção". Essa advertência quando disparada visa a desqualificar a força de um argumento seu e tem muito poder panfletário, afinal, carimbar alguém de "radical" para muitos é algo muito "feio", rs... (vivo procurando os radicais nessa sociedade híbrida e comportada). Mas o fato de se ser "advertido" com esse chavão [primário] de que "toda regra tem exceção", nalguns círculos faz de você um imediato idiota. Não é das sensações mais prazerosas. Também, como ensino metodologia, essa advertência fica ainda pior. É como se eu estivesse estuprando regras e normas que tanto amo, dinamitando diques teóricos que somente um nazista fá-lo-ia. Pois é. Aí resolvi escrever este textinho.
 
A "regra e a exceção", o "principal e o acessório" e o "concreto e o abstrato". Essa tríade epistemológica de cunho instrumental norteia metodólogos e cientistas, jamais devendo gerar confusão pelo risco da contaminação direcionadamente do instrumental ao objeto. Interessante é que em algumas construções, desejosa ou faticamente não clássicas, pode-se sim, lidar com um conteúdo paralelo, transgredido no método; marginal no sentido de sujo e vil do objeto e, por consequência, resultando em outro objeto, um objeto alterado, "compensado". Esse conteúdo ou objeto obedeceria, no caso, à exemplariedade (compensação), toda vez que caiba na estrutura do objeto um contorno histórico ou sociológico “heterodoxo”, ou um resultado distorcido que obedeça a alguma distorção relativa a uma ambiência influenciando o objeto.

Se um gestor público é sabidamente safado com dinheiro público talvez eu não precise ter tanto cuidado com a leitura teórica que farei dele. Nada que ver com o princípio constitucional da ampla defesa, base instrumental primeira da Advocacia, e que o grande Marcio Thomas Bastos escreveu na edição 117 da Revista do Advogado, p. 150 (out.2012), com uma maestria inigualável.

Mas o fato é que quando se opta por trabalhar com este conteúdo metodológico distorcido ou exagerado, distorce-se a pretensa "perfeição" metodológica, visando a uma desejosa quebra para se inserir na pesquisa um núcleo compesatório desviante ou exemplar, não mais ôntico, mas essencialmente deôntico. Assim, quando se "generaliza" sob essa ótica, e alguns se espantam, berrando do porão que “toda regra tem exceção”, como se fosse uma descoberta einsteiniana, nem se está radicalizando. O fato é que o método desviado quer-se efetivamente assim, compensador a uma realidade também desviada. O que não haverá aí será desvio culposo no método, mas intencional mesmo, cuja operatividade, então, será muito mais difícil de se manejar.

Esta metodologia desviante (compensatória) é-se-nos possível a partir da consciência de sua existência como marginal e dos cuidados subjacentes que ela requer. Assim, aos corregedores de plantão que berram que toda regra tem exceção, posso dizer que esse é o passo um de uma metodologia "popular" e bonitinha, ou melhor, normal e ordinária. Mas a metódica admite coisas que beiram a deuses, como Carl Sagan, que disse que na ciência o que importa não é a descoberta, mas o método. E a própria "inspiração" é sabidamente utilizada como início de método (Einstein). Toda regra tem exceção? É tem. Mas às vezes queremos quebrar essa regra e criar outra. Talvez aqui chegássemos perto de o que Bergson, citado por Bachelard em sua tese de doutorado (Ensaio sobre o conhecimento aproximado) diz sobre o conceito de "ordem", que é um conceito que não tem um antagônico, porque a desordem tambem é uma ordem. Aqui, a quebra de regra, sabida, pode ser também uma regra, considerando-se alguns pressupostos óbvios de manejo. Pois é. Metodologia é um tesão. Não podemos viver sem ela. Beijo em todos. Jean Menezes de Aguiar.


*Tapa é feminino, por isso as aspas em um.

Erros de português no texto serão muito bem-vindos.

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