sábado, 1 de setembro de 2012

A periguetização da mulher



Uma das coisas mais bonitas da mulher, e soberanas, é o dar. Sim, dar no sentido de transar. Não há vulgaridade com o verbo dar, mas poesia, afinal toda doação é uma coisa bela. Homens poderiam reclamar, até em certa inveja e neste contexto original, que somente a mulher dá, e esse dar envolve prazer para ela própria, ou seja, além de ser um dar, algo belo, ela tem o prazer máximo, o gozo. Entretanto, o filósofo Roland Barthes já observava, numa comparação dolorosa entre o amor e o sexo, que o sexo era sinal de vida saudável, e o amor uma coisa incômoda, difícil de mostrar, uma exceção. Assim "o amor seria antes uma doença, uma fraqueza, uma fragilidade e uma ferida" (Café philo, p. 38, apud André Comte-Sponville). Curioso que Nelson Rodrigues reclmará da mesma coisa: "Eu me sentia violado quando professor falava em Sexo (e, de amor, nenhuma palavra)... E nunca ninguém se dispôs a ensaiar uma Educação Amorosa" (A última mulher fatal, 4.1.1968). Não há qualquer incômoco e não pode haver com o que a mulher faz com seu corpo, quantas vezes faz e com quem faz. O tema do texto aqui é contra uma sociedade conservadora que discrimina prostitutas, mas inventa um termo "periguete" para moças "da sociedade" que, no fundo, parece que a única diferença será o fator dinheiro, aí a baba do preconceito e da discriminação.

Falar de mulher é mais que um prazer. Mas um artigo como esse, estima-se, sempre desagradará a alguma menina por aí, um beijo antecipado para quem não gostar. Há conceitos que a própria mulher tenta esconder, não assumir ou fingir que “não são bem assim”. Coisas esdrúxulas ou fora de uma padrão determinado usualmente, todo mundo quer deixar longe da própria vida, é natural. Por exemplo, a vulgaridade ou até a prostituição. Se para muitas mulheres isso é tranquilo, manter longe, para outras será um disfarce que, todavia, não conseguem esconder, ainda que ser vulgar possa ser um direito de cada um.

Muitas mulheres, e não somente os cafonas executivos fantasiados de “homens de preto” no aeroporto de Congonhas, SP, são influenciadas por ondas e modismo sociais. O que é ou pode ser a mulher periguete? É uma forma de neoprostituta? É um eufemismo para o que sempre se chamou de vida "fácil"? É um conceito intermediário entre a recatada e a puta (puta sem qualquer sentido ofensivo!)? É a “putinha”, no diminutivo, uma forma de prostituta amadora, exatamente porque não cobra dinheiro? Uma moça da “sociedade” admitiria facilmente para o pai ser periguete, entre risos e brincadeiras, invocando uma licença eufemística social, mas não admite ser uma prostitutazinha amadora? Pois é, há questões difíceis e limítrofes aí, a começar pela terminologia, que o preconceituoso não aceitará e dirá que se está esgarçando o conceito. Mas isso são apenas questionamentos e não ainda um conceito.

Uma coisa é certa, o tema desagrada a várias categorias, como se explica. 1) A prostituta legítima e  respeitável, trabalhadora e consciente de sua situação em regra ruim, poderá ver na periguete uma concorrente desleal; uma que não se “sindicaliza” e dá de graça, ou dá pelo preço de uma entrada vip na boate “chique”, e dá o que a prostituta precisa vender, muitas vezes sem qualquer prazer e disposição. 2) A “santa” ou puritana - admitindo-se a hipótese dessa existência meio ridícula que só agrada a papais cegos-, quererá ver, com seu olhar preconceituoso, na periguete uma rampeira desavergonhada, mas uma que consegue homens que no fundo, talvez, a santa gostaria de conseguir. 3) A coroa, já supostamente vencida a idade de periguetear, verá na periguete uma concorrente em vantagem, em razão da “tenra” idade. 4) A jovem “comum”, mas baladeira talvez queira aprender alguma “coisinha”, superficial, de relance, de como periguetear, mas sem ser carimbada, jamais, de periguete, afinal garantir um parceiro na noitada é a meta de muitas, ainda que sem vulgaridades (é o brincar com o perigo da vulgaridade, mas só brincar). 5) Por fim a assumidamente periguete terá uma auto-visão condescendente, legitimada é claro; justificará que toda mulher tem sua periguete para rodar e ela apenas “brinca” com o conceito (essa pode ser mentira mãe); ou é autêntica; ou faz o que muitas gostariam de fazer e não tem coragem; ou dirá que não há qualquer problema com o fato de ser considerada periguete; ou dirá que periguete é apenas um estado de espírito, não se convertendo em nenhuma atitude efetiva de comportamento para o mundo. Há um festival de mentiras aí. Parece que todo mundo terá sua justificativa, ora mais conservadora, ora mais “descolada”.

Paralelamente alguns setores, como imprensa e boates, lucram com a nova moda inventada, da periguete, talvez um tipo de mulher fácil que a sociedade conservadora aceite um pouco “mais” que a legítima puta, esta francamente discriminada pela mesma sociedade, inclusive feminina.

Mas uma primeira dificuldade se apresenta: o que é ser periguete. No interessantíssimo Dicionário do sexo e da prostituta, de Émerson Ribeiro Oliveira, de 2001, editora Scortecci, o termo periguete não aparece. Há uma coleção espetacular de nomes com seus sinônimos regionais de todo o país para: viado (Locró), prostituta (Girafa, Leona), corno (Esporado, Aspudo), vagina (Gongolô, Lasca), traidora (Lavar roupa fora), pênis (Macaxeira de homem, Manjeroba), nádegas (Mapa-múndi, Padaria) etc., e nada de periguete. Em 2001 o termo não havia.

Por outro lado, também nesse dicionário há um aparentemente perfeito sinônimo brasileiro para periguete, de uso cearense, é a Murixiba - “mulher de quem se fala sem respeito; mulher jovem que busca atrair os homens. Uso sertanejo, não muito extenso.” A periguete parece ser uma murixiba.

Confirme-se no Dicionário informal, na internet. Homens opinam sobre o conceito de periguete. Ainda que com uma visão potencialmente machista ou não, os conceituadores precisam ser ouvidos e podem não estar errados, já que aparentam ter algum conhecimento de causa. Seguem os conceitos.

Primeiro: "Corruptela de "perigoso" = aquele que causa perigo mais "guete"= boca mole, aquele que fala demais, tegarrela: rameira, prostituta, piranha, pistoleira; perua; fofoqueira, bisbilhoteira, fuxiqueira, mexeriqueira; mulher que frequenta bares noturnos em busca de namorado. A minha vizinha é uma periguete, porque fala mal de todo mundo! Cuidado com as periguetes que fazem ponto noturno nas ruas. Sinônimos: putinha prostituta, piranha, perua, caça homem, fofoqueira, mulher da vida, biscate, vulgar, safadinha. Antônimos: mulher pura, santa, pura, santa, pura, inocente. Relacionadas: baladeira, safada, perigo, faladeira, tagarela, aventureira, perigosa."

Segundo: "Garota que sai para as baladas ou para as festas para se divertir, dançar, beber e ficar com vários caras quase ao mesmo tempo; baladeira; vulgar no modo de se vestir, no modo de falar, no modo de andar, no modo de agir; o mesmo que pirigueti ou piri. Já vai aquela periguete em busca de mais um otário que a banque na balada! "
Terceiro: "Mulher aventureira, da vida. Ela é uma periguete."  enviar nova definição enviar nova imagem denunciar abuso
Quarto: "Putinha da noite. Ontem eu peguei uma periguete na balada."
Já no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa há: "Periguete s. f. (origem duvidosa, talvez de perigo) [Brasil. Informal] Mulher considerada desavergonhada ou demasiado liberal. = PIRIGUETE."
s. f.[Brasil, Informal] O mais interessante é que a mesma mídia um tanto quanto preconceituosa com as prostitutas resolveu aceitar as periguetes como uma coisa normal, inclusive validando comportamentos e atitudes que talvez nem as prostitutas tivessem. Uma casa noturna, por exemplo, receberá uma periguete sem qualquer problema, mas rechaçará uma prostituta profissional, mesmo uma bem vestida e arrumada. É como se o elemento dinheiro e apenas ele alterasse toda a honradez da conduta sexual. Por esta lógica reducionista, se uma casa noturna souber de uma mulher que transe no banheiro com 3 homens seguidos, mas sem cobrar, pode não expulsá-la do ambiente - será a periguete -, mas se souber de uma que foi "contratada" por dinheiro para transar, mesmo depois do expediente da boate, não quererá mais aquela profissional por ali, pois isso representa uma ameaça ao “nome” da casa.

Essa divisão - dinheiro / não-dinheiro - parece ser a única bastante problemática. Outras considerações sempre entram em jogo, acusações de prostitutas serem violentas, rodarem a baiana, serem vulgares, como se uma periguete, cujo termo deriva de perigo, não aceitasse todas essas suposições.

Haverá quem negue ser a periguete uma prostituta amadora (amadora apenas porque não cobra dinheiro). Mas nessa análise parece ficar exposta uma hipocrisia social tremenda. Parece que arrumaram um nome aceitável e “engraçadinho” para as nossa putinhas, as que podemos ter e aceitamos dentro de casa, e que não precisam do dinheiro do sexo para comprar remédio para o filho e para sobreviver. Isso mantém e faz continuar a discriminação com as prostitutas legítimas, em muitos e muitos casos pessoas muito mais vividas, experientes, com percepções finas sobre o ser humano, sobre o homem e sobre a vida. Em não poucos casos verdadeiras conhecedoras da dor que é o simples e próprio viver.

Minha grande amiga antropóloga e professora da Universidade Federal da Bahia, Alinne Bonetti, coordenou com Soraya Fleischer, o livro Entre saias justas e jogos de cintura, no qual diversas antropólogas relatam suas experiências de campo, nas pesquisas, com prostitutas, travestis e outros. Acredito que o olhar do estudioso social até possa criar um "compartimento" de estudo para as periguetes. Mas também acredito que a aproximidade dessa "espécie" esteja bastante ligada à tipologia da chamada vida vulgar., que a sociedade rechaça vorazmente.

Particularmente, admito, se me fosse dado escolher entre passar a noite numa mesa de bar conversando até o amanhecer com uma prostituta e uma periguete eu não exitaria um minuto: mil vezes a prostituta (um beijo, moças). As histórias das profissionais não são mentidas, não são disfarçadas, muito menos suas tragédias. Essa verdade lacerada na prostituição é, pelo menos para o estudioso, atraente e culturalmente rica.  Já uma periguete que não sei bem o que possa ser isso, imagino que culturalmente seja um fracasso em qualquer conversa, um tonto e semibêbado fracasso. Jean Menezes de Aguiar

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mensalão o escândalo tampão

A geometria do mensalão, sobe se divide e desce.
 
Artigo publicado no Jornal O DIA SP e O ANÁPOLIS (GO)
 
                O nobre e digno Mensalão não é isso tudo que falam dele por aí. Parece não haver dúvida que existiu. Ou a poderosa grande imprensa conseguiu dar existência a ele. Daí, um Supremo sob holofotes não tem como ir contra “o povo brasileiro” ou a opinião pública. Ou, como reagem, até com lucidez: opinião publicada. Tanto faz, no final das contas pouca “mudança” haverá. Não é ter existido ou não, o mensalão, o objeto do artigo de hoje. Mas isso abre ótimos questionamentos. Repare, se o Supremo condenar, dará “existência” a ele, ou seja, aí ele existiu. Se o Supremo absolver ele não terá “existido”. Repare-se o poder de um único julgamento sem chance de recurso: a existência ou não de um fato. Em filosofia chama-se reificar, ou seja, dar tratamento de coisa, no caso ao mensalão.

                Enquanto isso, gente da ativa, oficial, envolvida em escândalos outros - por exemplo, a indecência dos salários acima do teto -, está dando graças a Deus com a fama do mensalão. Para essa gente, milhares, o mensalão é um escândalo tampão. Um que cobre os outros infindáveis escândalos do país. O certo é que no Brasil deu-se uma sociologia rítmica do escândalo: um vai encobrindo o outro.

                É claro que há desvios na iniciativa privada e não só no setor público. Mas aí é um problema de quem foi lesado. Se uma empresa contratou mal, pagará o preço pela escolha, o que em direito se chama error em eligendo. Se tinha um gerente ou diretor que sangrou o cofre, houve falha na fiscalização, o que terá o nome também latino de error in vigilando. A sociedade e a iniciativa privada nunca foram santas. Não há essa oponibilidade entre o santo e o demônio, o honesto e o desonesto. Só um detalhe: no setor público “haveria” a obrigação de se ser honesto porque o dinheiro é público e a autoridade “jura” que será honesta.Isso está exemplarmente nos regimentos, corregedorias, estatutos. Só não está na prática.

                O mensalão, chega a berrar grande parte da imprensa, é o maior escândalo brasileiro julgado. Pode ser, em termos de réus no Supremo. Mas o maior escândalo é a “cultura” que autoriza o que se fez no mensalão. A privatização do dinheiro público ou dos interesses públicos.

                Aí, fomenta-se a ideia de que se o Supremo condenar o mensalão, o país será “outro”, querendo-se dizer melhor. O mesmo pensamento maniqueísta já rondou a sociedade em 1988, com a Constituição da República. Mas não é, infelizmente, uma Constituição ou uma condenação que faz um país mudar. O mensalão será apenas mais um no calmo e ordinário caldo cultural de corrupção política, eleitoral, financeira, administrativa, oficial, bancária e pública do Brasil.

                Valores não mudarão. As “assessoras” com os melhores corpos do planeta e lugar garantido na Playboy continuarão a ser cinicamente contratadas. Os filhos, genros e amantes continuarão a preencher o nepotismo cruzado, numa “meia” ou troca-troca cínica de nomeação entre “autoridades” quadrilheiras. E as comissões e “beiradas” continuarão a ser pagas.

                Entretanto, ser pedra, como se é aqui, exatamente neste artigo, num sistema como o brasileiro, é fácil. Berrará o corregedor mais austero e sisudo do país: ponha-me lá que eu conserto. E na semana seguinte descobrir-se-á que ele também mama um salário 2 vezes acima do teto. Nós somos assim, sempre quisemos isso para os nossos filhos. Essa é a desantropofagia que nos salva na roubalheira estatal. Cuidamos do próprio rabo e do rabinho dos rebentos. Triste sociedade.

                No ranking da alegria tesudo-visual, o mensalão perde em disparada para as Cpis. As Cpis pelo menos têm secretárias e assessoras de pedir em casamento com promessa de vários filhos. Já o mensalão, só aqueles advogados feiosos. O Supremo precisa se “modernizar”. Contratar uma capa de playboy para que os marmanjos se deliciem.

                Enquanto isso, o já domesticado mensalão trabalha com alguns segmentos. O primeiro do pódio, vencedor com facilidade é a imprensa. Ela apenas “revela” com seu “sagrado” dever de informar, ou fomenta, instiga, aumenta e, obviamente, garimpa lucro com toda a situação exagerando fatos e até plantando alguns? Parece que a resposta pelo comercial é das mais óbvias.

                Em segundo lugar no pódio vem o Poder Público incumbido de investigar, apurar e julgar os escândalos. Há diferenças aí. Polícias brazucas nunca gostaram muito de investigar. Parece que dá trabalho. Essa sempre foi a marca registrada nos inquéritos policiais. Mas um ingrediente mudou isso, de novo ela: a imprensa. Casos que têm holofote, parece que a polícia até põe roupa bonita para foto. Outros segmentos ainda aí serão o Judiciário, agora pop na Tv, e o recluso e quase secreto Ministério Público. Este nunca se conseguiu saber muita coisa dele.

                Em terceiro lugar no pódio vem a sociedade, consumista, noveleira, amante de Datena, Ratinho, Faustão, Banda Calipso e Gabriela, claro. Ávida por fofoca, notícia, bafafá e espuma de informação, assim é a nossa sociedade, a nossa cara.

                O que será que dá uma vitamina com esses ingredientes? A sociedade brasileira quer os mensalões. Este foi um BBB jurídico. Haverá tristeza e abandono dos ministros do Supremo quando o mensalão acabar. Peluso será o único a deixar o mensalão com chave de ouro: aposentar-se-á nele. Um escândalo como esse no fechamento da carreira é a glória última. Se bobear, haverá passeata na praia de Copacabana para um Peluso-Fica. Viúvas sociais dos ministros deveriam chorar nos corredores de um Supremo tristonho. A imprensa reforçará os jornalistas na sessão do último voto, que não pode ser “volto”, como o aparentemente eterno Lula. Nunca na história do Supremo um voto terá sido tão grávido de expectativa e emotividades. Não será um voto, será um adeus.

Já os outros ministros serão abandonados à própria sorte, tendo que continuar a trabalhar em casos nada televisivos; comunzinhos, cansativos e ordinários. Poderia ser pensado um novo filtro, ao lado da “repercussão geral” já prevista na Constituição: a repercussão geral televisiva. Só poderiam ser julgados no Supremo os processos que tivessem essa repercussão. O país seria mais alegre.

                O mensalão é o refogado de um escândalo. O quanto ele vai servir para “consertar” o país? Muito pouco. Talvez seja uma mera advertência para o restante que faz o mesmo, igualzinho. Mas pelo menos o Supremo “conseguiu” julgar este. Condenando ou absolvendo, parabéns pros caras.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os amores de Darcy Ribeiro


O retrato de um intelectual, lindo, inquieto, odiado, poderoso e inesquecível.
 
Os amores de Darcy Ribeiro, o senador, o cientista do ano pela SBPC e o grande homem amoroso, veja uma lista adjetivada por suas próprias palavras.

 
Berta dilacerou-o, pois seu corpo esplêndido de mulher escondia um homem, mesmo assim ele foi o único a que ela permitia amá-la.

A carioca, queimadíssima de sol, casada com um rapaz mais jovem que ela gostava muito, mas essas razões e desrazões nunca importaram ao mestre.

com 22 anos, bela, graciosa e lindíssima, e o mestre com 55, queria se casar com ele na Igreja da Glória; era muito intelectual e estudiosa, o que era chato.

Crau, bela, lindíssima,com quem casou e viveu por mais de 10 anos, foi a mulher que o mestre mais amou, cujo sogro era mais jovem que ele, e ela era 33 anos mais jovem que Darcy, o menino que enlouquecia tocando seus seios.

Lu, a paulistinha de joelhos belos que conversava antropologia na cama.

A preta, belíssima, talvez a mulher mais bonita do mundo.

, a ítala que ama com o saber de uma romana.

Desidéria, a que amava inigualavelmente, de corpo inteiro, não sabia beijar, aprendeu com o mestre, afrouxando bem as mandíbulas e dizendo “bu, bu, bu” e passando o dedo no lábio inferior para umedecer a boca; aprendeu também com ele a comer boca, a suprema forma de beijar.

Luciana, o grande amor carnal, quem o mestre invocava o santo Deus dos gozos que fez Luciana para ele. Em seu fim, Darcy disse que não tinha ciúme do Mister, que nunca soube dele (Darcy) e aí, em seu fim, ficou com vontade de contar ao marido, para saber que ele tinha uma grande mulher, ele não ambos, o dono oficial e Darcy, a mulher que ele se referiu como “nosso Sol Luminoso”, dividindo-a gentilmente com seu marido.