domingo, 8 de janeiro de 2012

O “mal” do deboche (rs...)




Tentando encerrar uma conversa discordada no Facebox, eu pus, jogando a toalha: “É, rs, vc deve estar certo, to rindo aqui, valeu...”. Acredito que não haja qualquer "ofensa" nisso, né? Como resposta, meio agressiva, do interlocutor, veio: “O deboche é a arma mais ridícula do medíocre, tá desculpado”. Mas por que o deboche é uma “arma”, além de ser “ridícula” e além disso seria própria dos “medíocres”? Uma arma é para se “usar” contra um adversário. Tudo bem que pudesse haver ali alguma contenda ideológica, mas de minha parte não me dava ao trabalho de considerar alguém do Facebox como um “adversário”. Há quem viva isso hipertrofiando a valia do Fb, mas não é o meu caso. A um primeiro sinal de discordância, ali, jogo a toalha e finalizo o papo, como fiz. É mais barato, sem ser escapismo. A dialética e a retórica no Fb é disjuntiva, disléxica mesmo, não se sabendo com quem se digladia, se fosse o caso de se chegar a isso.

De toda sorte, o deboche quando utilizado comissivamente, se houver uma recepção subjetivamente ferível a ele, poderá haver algum efeito, mas se o interlocutor for indebochável, não for dotado de debochabilidade, o deboche não fará efeito, será xingar um muro que meramente sequer considera que tenha sido xingado. "Poder" será construir uma personalidade indebochável, mas isso é difícil. Em Negociação ensinam-se seus 3 pilares, tempo, informação e poder. Poder é algo não totalmente comum. O "ferível" não denota poder.

Quanto ao deboche poder ser ridículo é um segundo ponto interessante. A pecha de ridícula quando aposta a uma situação precisa “sair” totalmente de quem faz a titulação, porque se ficar qualquer resíduo na própria personalidade, sê-lo-á como uma ponta de inveja ou falta de argumento. Ou seja, o ridículo, na linguagem de Sartre (O ser e o nada), precisa ser um estar-em-si no objeto e o agente ser um mero revelador do objeto que carrega ontologicamente [todo] o ridículo em si. Se o ridículo for parido pelo agente ele leva uma carga de valoração [incômodo] que denota perda de poder e inaugura uma “reclamação”, ou muxoxo. Assim se o outro é, em si, ridículo e apenas se revela isso, tudo bem. É um há-se em si do ridículo. Mas se eu "acho" ou "quero" (o que é muito pior) que o outro apenas seja ridículo, eu estarei me expondo, em fraqueza, em vez de demonstrar o ridículo do outro. E, por fim, se o outro não é ridículo, mas eu apenas xingo-o assim, minha fala será totalmente vazia de efeito.

Por fim a mediocridade, objeto de um textinho aqui mesmo neste blog. O medíocre é o baixo, o antiético, o que pode se abster de pisar no outro, por ser mais forte e estar em vantagem, e não perde a chance, ou não falha, é previsível: pisa. O medíocre jamais é elegante, sem qualquer futilidade agregada neste perigoso termo.

Mas das três rápidas análises feitas aqui, a melhor é que opera em interseção entre a primeira e a segunda, a que diz respeito a quem "se sente" ameaçado ou agredido com o deboche, os debocháveis, dotados de debochabilidade. Afora os óbvios neologismos, tão queridos na filosofia, mas odiados por outros, o debochável projeta receptivamente o sentir do dano a uma ofensa que não necessariamente o pseudo-ofensor propalou. Ele sente-se ofendido, mas não necessariamente por uma ofensa real, feita contra ele. É a frase de Lou Marinoff (Mais Platão e menos prozac), “quem quer ter problema é que tem problema”.

Muito de o que se diz “deboche” é uma recepção problematizada, em casos agudos, paraesquizoide, no sentido de que “se sente” debochado, mas não tendo havido deboche algum. Por outro lado, pensadores de matriz anárquica são simplesmente indebocháveis, não se sentem ameaçados com eventual deboche, mesmo o produzido com fito ofensivo ou projetantemente danoso. Se Bussunda fosse xingado de filho da puta, cairia na gargalhada e ligaria imediatamente para sua querida mãe para rir conjuntamente com ela da "ofensa".

A conclusão rápida é que talvez se tenha que trabalhar uma robusteza na personalidade para não se ficar suscetível ao deboche, no sentido duma ofensibilidade, uma percepção de dano que pode até existir, mas se não tiver sido originada assim, será um "sentir" bobo e vazio, aquela coisa primária do “me senti ofendido”, a que a única resposta prestante talvez fosse um delicioso foda-se. Jean Menezes de Aguiar.

Curiosidades do mundo globalizado

Nomes americanos para bebês. Recomenda-se que toda letra i seja substituída por y; toda letra l seja dobrada para ll; e toda consoante do meio pode ser dobrada como Uíttinney ou Uéllyngtton, menos a letra r, para se manter a pronúncia Ryllary. Assim: Brígide, Kérolin, Cúrtinei, Dâlidi, Dêividi, Diônatan, Dônavan, Dôneli, Êmili, Êndriu, Estêfani, Jênifer, Kéterin, Líberti, Mélani, Merediti, Rílari, Tâmara, Tâniti, Tássala, Tífani, Tílbeli, Uélington, Uílison, Uíndisor, Uítinei, Uílian.