quarta-feira, 12 de junho de 2013

Mulher?


                                                                        Jean Menezes de Aguiar 

 Artigo publicado nos jornais O Dia SP e O Anápolis, GO - semana de 13.6.13

                A matéria de hoje é sobre o melhor do mundo, de novo, a mulher. Carlinhos Cachoeira, o banqueiro, que o diga. Sim, banqueiro, palavra sinônima de bicheiro, é a mesma coisa. Esta semana Carlinhos desafiou o governador de Goiás para um duelo, porque sua belíssima teria sido desrespeitada. Viva Andressa, que espetáculo. É claro que o governador não encarou. Sobre Cachoeira, passou-se a desconfiar que atrás daquele coração mafioso há um homem sensível. Desses que faz poesia em guardanapo de restaurante. Bingo. Andressa que se cuide. A mulherada do Brasil se encantou com Cachoeira, a versão real do “esse cara sou eu”.

A interrogação no título se refere à dúvida que certos elogios e “reconhecimentos” feitos à mulher despertam. Se são verdadeiros ou escondem uma ponta de machismo e tentativa de superioridade por parte de certos (muitos) homens. Também se refere à reação que algumas mulheres, as “poderosas”, têm quando desconfiam de um machismo camuflado. A mulher forte é um espetáculo. Isso mesmo, considerando-se que há homens e mulheres fortes e fracos. Já os conceitos de força e fraqueza são uma discussão relativa e infinita.

  Um exemplo simples de mulher forte seria aquela que, ao ouvir um desaforo masculino, “nem” responde, gargalha, verdadeiramente alto, e imprime uma desmoralização no ofensor. Pela segurança, pela superioridade pessoal. Essas são as temidas. Embates intelectuais com as portadoras de útero e amamentadoras em potencial têm uma psicobiologia diferente. Dois homens disputando qualquer coisa sabem que no fim último podem resolver na tapa. Já com a mulher não é assim. Isso refina o embate, sensibilizando-o.

É por isso que muitos homens simplesmente “não aguentam” discutir com a mulher. Mas também é por isso que algumas mulheres se valem disso para desacatar, às vezes deliciosamente, um marmanjo.

Passaram a existir, em sociedades como a brasileira, novas maneiras de se relacionar com grupos desfavorecidos e discriminados. São novos modos no tratamento social para com o Outro. Às vezes modos mentirosos e cínicos. Muita gente “descolada” passou a se dizer salvadora do planeta, da humanidade, do oxigênio etc. Alguns desses, com um baseado de 20 centímetros na boca, mas tudo bem.

Na lista de discriminados, a mulher conseguiu ter a preferência. Seu lobby natural venceu índios, nordestinos, sem-terra, negros etc. Venceu até os gays. A força feminina atualmente quase que não precisa mais se afirmar. Sua igualdade compensadora ao homem se entranhou na cultura de modo orgânico. Passou a ser até “bacana” defender a mulher.

 Reconhecer o valor da mulher, continua pontuando. Ora verdadeiramente, ora cinicamente. Continua fazendo do homem um sensível, um “fofo”, como muitas gostam de falar. E muito marmanjo aprendeu que ser sensível garante a posição e, claro, gera proveito. O problema é quando o tratamento correto é apenas estético, de boca para fora. Ou se mostra como um biombo para disfarçar alguma personalidade perversa. Daqueles que se travestem (ops) como alguns representantes de direitos humanos por aí.

A mulher, por seu turno, se beneficia de todo esse mimo e gentileza masculina. Gentileza, até “interesseira”, mas tudo bem. À mulher é sempre confortante o carinho. Mas ela precisa desconfiar do discurso. Por trás de nomes, títulos, compensações e agrados públicos pode haver uma intenção machista, calhorda. Um intuito camuflado de “bater o ponto” com o politicamente correto.

Será que a mulher precisa ser reconhecida “pelo homem”? Como se fosse uma outorga? Como um chefe que reconhece um inferior? Para muitos homens, “no fundo”, é assim.

Li um texto atribuído a Pedro Bial (pois é, quem mandou?) esta semana. Bial deve ser para inúmeras beldades um “fofo”. Bonito, rico, da Globo, gentil etc., tudo bem. Mas o pequeno texto de oito linhas poderia ser usado por uma feminista no sentido de que Bial teria deixado a mulher à deriva, à “escolha” de um lobo mau. Como se não tivesse vontade própria. Bial recomenda que o homem vá lá e “passe a mão nos cabelos dela” e questiona: “Agora, eu te pergunto: tem dado valor? Muitos invejam você e estão só de olho, esperando seu primeiro vacilo para atacar. E aí, amigo, vai esperar vê-la nos braços de outro?”

Um dos traços da mulher, se é que se pode comparar, é ser bem menos volúvel que o homem. Mulheres não costumam mudar de galho simplesmente porque não foram acarinhadas. A paciência da mulher com o desamor parece ser muito maior que a do homem. Elas costumam dar inúmeros sinais ao longo de um tempo muito razoável, longo, de que estão infelizes. A mulher sonha; o homem consuma. Esta diferença também parece ser bem clara. E mulheres adoram homens que sonham junto. Aí um dos segredos.

Mulheres têm coisas chatas, estão longe de ser perfeitas. Buzinam mais no trânsito; não dão a vez em cruzamentos; são complicadas em filas – ficam empurrando quem está na frente –. Mas mulher continua sendo a melhor coisa do mundo. Se a mulher é uma leoa na defesa da prole, o homem é um rinoceronte na defesa de sua leoa. Se o ciúme feminino é ácido e corrosivo para o homem; o ciúme masculino é mortal ao próprio homem. Alguns fatores se equiparam, percebe-se, apenas com características diferentes.

Também não se pode confundir a tal mulher “poderosa”, que supostamente se basta, com o prazer que qualquer mulher terá em ver seu companheiro lhe defendo. O feminismo conquistou coisas muito boas. Mas nada supera a harmonia do casal, seja ela qual for. No fundo, quem sabe o que é bom para o casal é o próprio casal. Mulher? Ainda não inventaram nada melhor. Jean Menezes de Aguiar.