A
matéria de hoje é sobre o melhor do mundo, de novo, a mulher. Carlinhos
Cachoeira, o banqueiro, que o diga. Sim, banqueiro, palavra sinônima de
bicheiro, é a mesma coisa. Esta semana Carlinhos desafiou o governador de Goiás
para um duelo, porque sua belíssima teria sido desrespeitada. Viva Andressa,
que espetáculo. É claro que o governador não encarou. Sobre Cachoeira, passou-se
a desconfiar que atrás daquele coração mafioso há um homem sensível. Desses que
faz poesia em guardanapo de restaurante. Bingo. Andressa que se cuide. A
mulherada do Brasil se encantou com Cachoeira, a versão real do “esse cara sou
eu”.
A interrogação
no título se refere à dúvida que certos elogios e “reconhecimentos” feitos à
mulher despertam. Se são verdadeiros ou escondem uma ponta de machismo e
tentativa de superioridade por parte de certos (muitos) homens. Também se
refere à reação que algumas mulheres, as “poderosas”, têm quando desconfiam de
um machismo camuflado. A mulher forte é um espetáculo. Isso mesmo,
considerando-se que há homens e mulheres fortes e fracos. Já os conceitos de
força e fraqueza são uma discussão relativa e infinita.
Um exemplo simples de mulher forte seria
aquela que, ao ouvir um desaforo masculino, “nem” responde, gargalha, verdadeiramente
alto, e imprime uma desmoralização no ofensor. Pela segurança, pela
superioridade pessoal. Essas são as temidas. Embates intelectuais com as
portadoras de útero e amamentadoras em potencial têm uma psicobiologia
diferente. Dois homens disputando qualquer coisa sabem que no fim último podem
resolver na tapa. Já com a mulher não é assim. Isso refina o embate,
sensibilizando-o.
É por isso que
muitos homens simplesmente “não aguentam” discutir com a mulher. Mas também é
por isso que algumas mulheres se valem disso para desacatar, às vezes
deliciosamente, um marmanjo.
Passaram a existir, em sociedades
como a brasileira, novas maneiras de se relacionar com grupos desfavorecidos e discriminados.
São novos modos no tratamento social para com o Outro. Às vezes modos mentirosos
e cínicos. Muita gente “descolada” passou a se dizer salvadora do planeta, da
humanidade, do oxigênio etc. Alguns desses, com um baseado de 20 centímetros na
boca, mas tudo bem.
Na lista de discriminados, a
mulher conseguiu ter a preferência. Seu lobby
natural venceu índios, nordestinos, sem-terra, negros etc. Venceu até os gays.
A força feminina atualmente quase que não precisa mais se afirmar. Sua igualdade
compensadora ao homem se entranhou na cultura de modo orgânico. Passou a ser
até “bacana” defender a mulher.
Reconhecer o valor da mulher, continua
pontuando. Ora verdadeiramente, ora cinicamente. Continua fazendo do homem um
sensível, um “fofo”, como muitas gostam de falar. E muito marmanjo aprendeu que
ser sensível garante a posição e, claro, gera proveito. O problema é quando o
tratamento correto é apenas estético, de boca para fora. Ou se mostra como um
biombo para disfarçar alguma personalidade perversa. Daqueles que se travestem
(ops) como alguns representantes de direitos humanos por aí.
A mulher, por seu turno, se
beneficia de todo esse mimo e gentileza masculina. Gentileza, até “interesseira”,
mas tudo bem. À mulher é sempre confortante o carinho. Mas ela precisa
desconfiar do discurso. Por trás de nomes, títulos, compensações e agrados
públicos pode haver uma intenção machista, calhorda. Um intuito camuflado de “bater
o ponto” com o politicamente correto.
Será que a mulher precisa ser reconhecida
“pelo homem”? Como se fosse uma outorga? Como um chefe que reconhece um
inferior? Para muitos homens, “no fundo”, é assim.
Li um texto atribuído a Pedro Bial
(pois é, quem mandou?) esta semana. Bial deve ser para inúmeras beldades um
“fofo”. Bonito, rico, da Globo, gentil etc., tudo bem. Mas o pequeno texto de oito
linhas poderia ser usado por uma feminista no sentido de que Bial teria deixado
a mulher à deriva, à “escolha” de um lobo mau. Como se não tivesse vontade
própria. Bial recomenda que o homem vá lá e “passe a mão nos cabelos dela” e
questiona: “Agora,
eu te pergunto: tem dado valor? Muitos invejam você e estão só de olho,
esperando seu primeiro vacilo para atacar. E aí, amigo, vai esperar vê-la nos
braços de outro?”
Um dos traços da mulher, se é que
se pode comparar, é ser bem menos volúvel que o homem. Mulheres não costumam mudar
de galho simplesmente porque não foram acarinhadas. A paciência da mulher com o
desamor parece ser muito maior que a do homem. Elas costumam dar inúmeros
sinais ao longo de um tempo muito razoável, longo, de que estão infelizes. A mulher
sonha; o homem consuma. Esta diferença também parece ser bem clara. E mulheres
adoram homens que sonham junto. Aí um dos segredos.
Mulheres têm coisas chatas, estão
longe de ser perfeitas. Buzinam mais no trânsito; não dão a vez em cruzamentos;
são complicadas em filas – ficam empurrando quem está na frente –. Mas
mulher continua sendo a melhor coisa do mundo. Se a mulher é uma leoa na defesa
da prole, o homem é um rinoceronte na defesa de sua leoa. Se o ciúme feminino é
ácido e corrosivo para o homem; o ciúme masculino é mortal ao próprio homem.
Alguns fatores se equiparam, percebe-se, apenas com características diferentes.
Também não se pode confundir a tal
mulher “poderosa”, que supostamente se basta, com o prazer que qualquer mulher
terá em ver seu companheiro lhe defendo. O feminismo conquistou coisas muito
boas. Mas nada supera a harmonia do casal, seja ela qual for. No fundo, quem
sabe o que é bom para o casal é o próprio casal. Mulher? Ainda não inventaram
nada melhor. Jean Menezes de Aguiar.