[Não "descendemos" do macado, temos um ancestral comum, há cerca de 25 milhões de anos.]
Parcela imensa de nossa espécie humana é muito arrogante, metida a saber de coisas que não têm a menor base por total falta de estudo. Chancela, sentencia, afirma e pronto. Não interessam a lógica, o bom senso, a razão, nem análises mais acuradas ou metódicas. Ao contrário, o comportamento ignorante, em muitos casos, é tão enraizado que se julga legítimo à ira, ao ódio, uma vez contestado, ainda que seja por uma demonstração científica serena e bem estruturada. É uma jactância vulgar em saber, conhecer e, afirmar. A manifestação do ignorante, em alguns casos aparece como um orgasmo neural amorfo, imprestável e semelhante ao que ja foi estudado em biologia como “geração espontânea”, surge e pronto, lá está.
Contrariamente ao ignorante está o estudioso, meticuloso e cuidadoso, paciente e conformado com sua impotência e erros. Tomemos por base o biólogo alemão Ernst Mayr, nascido em 1904 e falecido em 2005, professor emérito de Zoologia Comparativa na universidade de Harvard, dentre outras coisas. Mayr dedicou toda sua vida à biologia. E morreu sem conseguir saber e fazer algumas coisas. Na área do que faltou saber, há em sua obra de 2001, O que é a evolução, a humildade de reconhecer que “nosso conhecimento dos hominídeos fósseis ainda é muito incompleto” (p. 276); ou “Parece que a história do homem sempre foi profundamente afetada pelo ambiente” (p. 281 – vê-se a humildade no discurso científico: “parece”); e por fim: “É provável que tenham existido outras subespécies de australopitecíneos nas savanas arbóreas da África ocidental e setentrional, mas nenhum fóssil foi encontrado até hoje nessas regiões” (p. 284), isso para dizer que mesmo assim todas as suposições científicas dão que o Homo tenha evoluído a partir de algumas das populações periféricas.
Na área de que faltou fazer, numa outra obra dele, Biologia, ciência única, de 2004, já um ano antes de sua morte, temos que Mayr não conseguiu criar uma filosofia da biologia. Cita Ruse, Kitcher, Rosenberg e Soler, como filósofos da biologia, mas se lhes aponta falhas estruturais pela não formação na área. Critica os filósofos da ciência por se aterem exclusivamente à física e, quase que inacreditavelmente, às páginas 32 desta obra, afirma que as teorias de Einstein não afetaram em nada a biologia, assim consideradas as descobertas da década de 1920 – a física quântica, a relatividade e a física das partículas elementares.
Este já cansado Mayr se vai deixando bases e conselhos para a criação de uma filosofia da biologia, afirmando com todas as forças que a filosofia da ciência, em geral, que tem por estrutura o mundo inanimado é imprestável à biologia, devendo-se pensar na criação da filosofia da biologia, cuja base é o mundo vivo.
Contrariamente ao ignorante está o estudioso, meticuloso e cuidadoso, paciente e conformado com sua impotência e erros. Tomemos por base o biólogo alemão Ernst Mayr, nascido em 1904 e falecido em 2005, professor emérito de Zoologia Comparativa na universidade de Harvard, dentre outras coisas. Mayr dedicou toda sua vida à biologia. E morreu sem conseguir saber e fazer algumas coisas. Na área do que faltou saber, há em sua obra de 2001, O que é a evolução, a humildade de reconhecer que “nosso conhecimento dos hominídeos fósseis ainda é muito incompleto” (p. 276); ou “Parece que a história do homem sempre foi profundamente afetada pelo ambiente” (p. 281 – vê-se a humildade no discurso científico: “parece”); e por fim: “É provável que tenham existido outras subespécies de australopitecíneos nas savanas arbóreas da África ocidental e setentrional, mas nenhum fóssil foi encontrado até hoje nessas regiões” (p. 284), isso para dizer que mesmo assim todas as suposições científicas dão que o Homo tenha evoluído a partir de algumas das populações periféricas.
Na área de que faltou fazer, numa outra obra dele, Biologia, ciência única, de 2004, já um ano antes de sua morte, temos que Mayr não conseguiu criar uma filosofia da biologia. Cita Ruse, Kitcher, Rosenberg e Soler, como filósofos da biologia, mas se lhes aponta falhas estruturais pela não formação na área. Critica os filósofos da ciência por se aterem exclusivamente à física e, quase que inacreditavelmente, às páginas 32 desta obra, afirma que as teorias de Einstein não afetaram em nada a biologia, assim consideradas as descobertas da década de 1920 – a física quântica, a relatividade e a física das partículas elementares.
Este já cansado Mayr se vai deixando bases e conselhos para a criação de uma filosofia da biologia, afirmando com todas as forças que a filosofia da ciência, em geral, que tem por estrutura o mundo inanimado é imprestável à biologia, devendo-se pensar na criação da filosofia da biologia, cuja base é o mundo vivo.
A beleza e a grandiosidade da ciência estão na plena consciência de seu possível erro, ou melhor, na não arrogância de afirmar o que não sabe efetivamente. Mayr tem a natural honestidade de reconhecer que, por exemplo, em relação às interpretações do método científico conhecido como “comparação”, utilizadas para comparar os fósseis de hominídeos com o Homo sapiens, todas elas (as interpretações) “foram contestadas!”. Ou seja, o cientista não tenta iludir, convencer, mascarar uma realidade, ou utilizar o “argumento de autoridade”. Ele sabe que há contestações e mesmo assim conseguirá [ou não] construir suposições sólidas sobre aquele terreno.
Isso tudo se presta para uma outra comparação. Quando estudamos em paleontologia e em biologia a origem do homem, temos esse tipo de discurso buscadamente exato, preciso, quantificado, preocupado com a demonstração. A ciência trabalha com três vieses de forma muito nítida: demonstrabilidade, repetibilidade e experimentabilidade. Entretanto, quando estudamos a mesma origem do home em criacionistas (os fundamentalistas), os que trabalham com o homem como produto do Criacionismo (a crença na verdade literal da Criação, conforme registrada no Gênesis), encontramos, muitas vezes, um discurso que não percorre um fio condutor lógico demonstrado e preciso.
Há nestes, mitos, crendices, histórias ilógicas, versões consideradas como verdades que não se sustentam. Em alguns casos beiram ou se assemelham às renas voadoras de Papai Noel. Há-se perguntar: como é que adultos “acreditam” nesses “contos”? Não se há discutir desesperos, fé, pedidos de socorro a um deus, nada disso. Nem a figura interessante da coincidência identificável como “milagre”. O fato é que a “narrativa” dos criacionistas para “convencer” um adulto e "inteligente" de que o homem nasceu segundo uma literalidade do Gênesis - uma história "contada", e não de demonstrações químicas e biológicas precisas e testadas, hoje perfeitamente identificáveis, é absurda.
Tudo bem, estudar ciência dá trabalho, custa caro, ocupa tempo, precisa-se de espaço para guardar centenas ou milhares de livros etc. Mas como se pode “contestar” lucidamente, em 2012, com todos os avanços da ciência, a afirmação de um biólogo como James Watson (prêmio Nobel) na obra DNA, p. 74, que “a vida é uma questão de física e de química”?
Reproduzo toda a fala de Watson, o descobridor do DNA (dupla-hélice): “A descoberda da dupla-hélice foi um golpe de morte no vitalismo. Todo cientista sério, mesmo aqueles de índole religiosa, percebeu que um entendimento pleno da vida já não exigia a revelação de novas leis da natureza. A vida era uma simples questão de física e de química – embora uma física e uma química de organização sofisticadíssima.” Por sorte, trabalho, numa faculdade, com um padre inteligentíssimo, por sua produção intelectual. Trata-se da hipercarismática figura de Giovani Marinot Vedoato, doutor em teologia pela Universidade São Tomás de Aquino, Roma, Itália.
Giovani, certamente é esclarecido o suficiente para não negar a ciência, como o bispo Richard Harries e os reverendos ingleses que assinaram a carta a Tony Blair, em 2004, com o zoológo Richard Dawkins, referida no livro O maior espetáculo da terra, sobre a preocupação com o ensino fundamental da ciência no Emmanuel City Technology College, em Gateshead, que explicavam que a evolução era uma "posição de fé", da mesma categoria que a explicação bíblica da criação, uma desonestidade explícita.
Para fechar, apenas mais algumas obervações de nossas ligações com os antropoides. Primeiro, Darwin foi o responsável por incluir a espécie humana no reino animal. Isso só vai se dar em 1859, ou seja, relativamente há pouco tempo. Mas como não éramos animais? Que coisa espetacular essa de supormos a hipótese de “não” sermos animais, veja isso!
"Éramos", mesmos, anjos decaídos dos céus e danem-se as semelhanças com os chimpanzés. Queríamos ser anjos e fomos até o século retrasado. Um segundo ponto é que os primatas são mamíferos mas, espetacularmente, não são parentes próximos de nenhuma outra ordem de mamíferos, têm apenas um parentesco longe com lêmures voadores (Galeopithecus) e com os tupaiídeos (Scandentia). Esta ausência de parentesco, com as identidades que há entre nós e eles é adorável. Dá a certeza de o que afirma Watson (DNA, p. 13) – “os seres humanos são meros macacos modificados”.
Assim, vamos parar de nos sentir “ofendidinhos” quando se nos chamarem de macacos. Essa é a nossa natureza e esse deve ser o nosso orgulho! Terceiro, das 3 evidências entre nós e os macacos (anatômica, fóssil e molecular), é decisiva a evidência molecular, quando nossas moléculas são mais parecidas com as do chimpanzé do que com as de qualquer outro organismo e, como se não bastasse, os antropoides africanos são mais parecidos com o homem do que com qualquer outro primata. A hemoglobina, por exemplo, dentre outras enzimas, é praticamente idêntica, sendo menor a diferença entre chimpanzé e homem do que entre chimpanzé e outros macacos. Certamente é por isso que Mayr (O que é evolução, p. 272), dispara: “Questionar essas evidências esmagadoras seria uma atitude um tanto irracional”.
Há nestes, mitos, crendices, histórias ilógicas, versões consideradas como verdades que não se sustentam. Em alguns casos beiram ou se assemelham às renas voadoras de Papai Noel. Há-se perguntar: como é que adultos “acreditam” nesses “contos”? Não se há discutir desesperos, fé, pedidos de socorro a um deus, nada disso. Nem a figura interessante da coincidência identificável como “milagre”. O fato é que a “narrativa” dos criacionistas para “convencer” um adulto e "inteligente" de que o homem nasceu segundo uma literalidade do Gênesis - uma história "contada", e não de demonstrações químicas e biológicas precisas e testadas, hoje perfeitamente identificáveis, é absurda.
Tudo bem, estudar ciência dá trabalho, custa caro, ocupa tempo, precisa-se de espaço para guardar centenas ou milhares de livros etc. Mas como se pode “contestar” lucidamente, em 2012, com todos os avanços da ciência, a afirmação de um biólogo como James Watson (prêmio Nobel) na obra DNA, p. 74, que “a vida é uma questão de física e de química”?
Reproduzo toda a fala de Watson, o descobridor do DNA (dupla-hélice): “A descoberda da dupla-hélice foi um golpe de morte no vitalismo. Todo cientista sério, mesmo aqueles de índole religiosa, percebeu que um entendimento pleno da vida já não exigia a revelação de novas leis da natureza. A vida era uma simples questão de física e de química – embora uma física e uma química de organização sofisticadíssima.” Por sorte, trabalho, numa faculdade, com um padre inteligentíssimo, por sua produção intelectual. Trata-se da hipercarismática figura de Giovani Marinot Vedoato, doutor em teologia pela Universidade São Tomás de Aquino, Roma, Itália.
Giovani, certamente é esclarecido o suficiente para não negar a ciência, como o bispo Richard Harries e os reverendos ingleses que assinaram a carta a Tony Blair, em 2004, com o zoológo Richard Dawkins, referida no livro O maior espetáculo da terra, sobre a preocupação com o ensino fundamental da ciência no Emmanuel City Technology College, em Gateshead, que explicavam que a evolução era uma "posição de fé", da mesma categoria que a explicação bíblica da criação, uma desonestidade explícita.
Para fechar, apenas mais algumas obervações de nossas ligações com os antropoides. Primeiro, Darwin foi o responsável por incluir a espécie humana no reino animal. Isso só vai se dar em 1859, ou seja, relativamente há pouco tempo. Mas como não éramos animais? Que coisa espetacular essa de supormos a hipótese de “não” sermos animais, veja isso!
"Éramos", mesmos, anjos decaídos dos céus e danem-se as semelhanças com os chimpanzés. Queríamos ser anjos e fomos até o século retrasado. Um segundo ponto é que os primatas são mamíferos mas, espetacularmente, não são parentes próximos de nenhuma outra ordem de mamíferos, têm apenas um parentesco longe com lêmures voadores (Galeopithecus) e com os tupaiídeos (Scandentia). Esta ausência de parentesco, com as identidades que há entre nós e eles é adorável. Dá a certeza de o que afirma Watson (DNA, p. 13) – “os seres humanos são meros macacos modificados”.
Assim, vamos parar de nos sentir “ofendidinhos” quando se nos chamarem de macacos. Essa é a nossa natureza e esse deve ser o nosso orgulho! Terceiro, das 3 evidências entre nós e os macacos (anatômica, fóssil e molecular), é decisiva a evidência molecular, quando nossas moléculas são mais parecidas com as do chimpanzé do que com as de qualquer outro organismo e, como se não bastasse, os antropoides africanos são mais parecidos com o homem do que com qualquer outro primata. A hemoglobina, por exemplo, dentre outras enzimas, é praticamente idêntica, sendo menor a diferença entre chimpanzé e homem do que entre chimpanzé e outros macacos. Certamente é por isso que Mayr (O que é evolução, p. 272), dispara: “Questionar essas evidências esmagadoras seria uma atitude um tanto irracional”.
Assim, somos macacos melhorados, não há qualquer demérito nisso e um pouco de estudo de biologia faz bem a cabeças teimosas e não ligadas ao conhecimento. Amemos os macacos, afinal temos em nossa espécie algumas fêmeas suntuosas e lindas, como Barbara Berlusconi.
Particularmente, não tenho o menor problema com minha porção macaca e os 3 anos que passei num estágio em zoologia no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, quando jovem, acompanhando diariamente o querido Tião, um Chimpanzé (Pan troglodytes schweinfurthii) que chegou a ser votado para governador do Rio pelos cariocas, só fez comigo me humanizar, afinal o olhar de Tião para os tratadores e nós que vivíamos estudando lá era somente de doçura e complacência por servir a uma curiosidade humana meio vadia, de "jardim zoológico”, exposto como um brinquedo vivo para pais levarem seus filhos em dias de sol. Tião sabia se vingar, acumulava cuspe no canto da boca e escarrava em alguns escolhidos, ou se masturbava gozosamente para aflição das “moças” que se esforçavam em fingir que não estavam olhando. Isso tudo entre um cigarro e outro. Temos muito mais deles, que são anteriores a nós, do que nossa filosofia boba e teimosa acredita que não. Jean Menezes de Aguiar.
Particularmente, não tenho o menor problema com minha porção macaca e os 3 anos que passei num estágio em zoologia no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, quando jovem, acompanhando diariamente o querido Tião, um Chimpanzé (Pan troglodytes schweinfurthii) que chegou a ser votado para governador do Rio pelos cariocas, só fez comigo me humanizar, afinal o olhar de Tião para os tratadores e nós que vivíamos estudando lá era somente de doçura e complacência por servir a uma curiosidade humana meio vadia, de "jardim zoológico”, exposto como um brinquedo vivo para pais levarem seus filhos em dias de sol. Tião sabia se vingar, acumulava cuspe no canto da boca e escarrava em alguns escolhidos, ou se masturbava gozosamente para aflição das “moças” que se esforçavam em fingir que não estavam olhando. Isso tudo entre um cigarro e outro. Temos muito mais deles, que são anteriores a nós, do que nossa filosofia boba e teimosa acredita que não. Jean Menezes de Aguiar.
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