Theodor Adorno
Deve ser um "alento" (se é que há esse necessidade filosófica) para cientistas (básicos) encontrar em Adorno (Dialética negativa) a "relativização" do relativismo infinito, pós-desconstrutivista (nada que ver com Derrida) e para-anárquico de Feyerabend, conquanto algo sedutor, admita-se. (Adorno não se dedicou a Feyerabend, é anterior, claro, mas talvez se consiga essa leitura futurizada). Nem Adorno pode ser acusado de elitista de forma simplista como se ouve nalgumas sedes, nem Feyerabend conseguiu desconstruir a razão e outras sedes (nem sei porque comparo isso, talvez um toque ínfimo de objetos possa haver). Passagens de Adorno como "A dialética opõe-se tão bruscamente ao relativismo, quanto ao absolutismo" e a construção de se "reconhecer o relativismo como uma figura limitada de consciência" expõem, numa leitura rápida o inverso de o que o relativismo sempre propugnou e costuma ser associado: à não oclusão. Mas há um "fechar questão" interessante e talvez adornianamente defensivo deixando tudo e qualquer coisa aberto. É como se no relativismo houvesse a limitação pelo não atingimento ao dado minimamente "correto" [desabstrativizado]. Talvez por isso Adorno discuta o relativismo sociológico de Mannhein, como "o que flutua livremente", mas nada é "livremente" (!), em conjunto com o hermetismo do ceticismo burguês incorporado pelo relativismo. É interessante a forma de ceticismo imposta pela relativização; ela não é não cética, mas espuma um ceticismo no seu próprio avesso: o que não obedecer a esse relativismo ser-lhe-á [ou será] imprestável. Aí uma forma nítida de prepotência.
A pós-modernidade, em alguns cantos, tem imposta ou querido impor essa relativização desajeitada de que tudo pode. Feyerabend empolga, admita-se, mas "algum" retorno a Adorno é um "novo" ar, e sempre um porto seguro. Que paradoxo interessante. Jean Menezes de Aguiar.
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