O amor, em O encantador de cavalos. Thomas, suntuosa e linda,
Redford com sua insuperável delicadeza de Homem.
A recente obra de Regina Navarro Lins, O livro
do amor, da BestSeller, é uma fonte segura tanto para historiadores e teóricos
do amor, quanto para o público em geral que busca saber como é que o sentimento
se desenvolveu ao longo dos séculos e mesmo milênios.
Isso mesmo. O conceito de amor não é e nem nunca
foi algo bruto e imutável, original e alheio a sensações culturais. Vê-se no livro que há 5000 anos, a
mulher era considerada indigna de amor, vivia encarcerada, à espera do marido.
Pode-se perceber aí uma das manifestações embrionárias do machismo em que a sobrepujação
da força física masculina impunha padrões de conduta.
Também se vê que o amor é uma construção social, em cada
época de um jeito e modo. Isso afastará a ideia de pureza do sentimento, de
originalidade dele como pertencente soberanamente ao ser humano enquanto fator
próprio de um sentir puro. Se o amor é também influenciado por uma construção social, essa constatação
por si só mostra que padrões culturais diversos, de grupos sociais, por
exemplo, rechearão diferententemente o sentimento. Uma gente de uma espécie ou
padrão cultural amará "diferentemente" de outra.
Também se aprende que com a vinda do Cristianismo,
o amor só podia ser a Deus, uma violência cultural própria dos povos atrasados
e religiosamente fundamentalistas, como, todavia, ainda há hoje em dia, nesse sistema bancário da fé. Assim,
até o século 12 o amor físico foi inviabilizado, havia pesada repressão à
sexualidade. Ou seja, era o reino da mentira em que o sentir amoroso e sexual
precisava ser contido, mentido e negado. De novo, como se vê em padrões
religiosos atuais castradores e que optam por uma contramão da história, da
ciência, do conhecimento e do progresso social.
Em Roma, o amor passou a ser algo perigoso.
Desenvolveu-se a ideia do homem prudente, que não se deixava levar pelas
emoções. Se se interessava demais por uma mulher, procurava ver seus defeitos,
como o fato de os seios balançarem demais, ou de ela suar muito. Estranha época
em que seios e suor feminino pudessem ser feiúras ou defeitos na mulher. De
novo, o que está em pauta nada mais é se não o atraso de uma época.
Pensar nos seios a balançar como um defeito é uma visão que só expõe o pior dos
defeitos do próprio homem: ter restrições à mulher como ela é; idealizar uma mulher “perfeita”;
querer que a mulher não "incomode" a vaidade masculina de uma suposta beleza
macha que só existirá para a mulher, nunca para o homem verdadeiro. Não se
trata de um machismo às avessas, de uma entronização da mulher, mas qualquer
homem que se preza não tem o menor problema com as partes, os fatores, os
líquidos da mulher, sejam quais forem, até a urina. E aí as próprias mulheres
têm que perdoar esses homens devotos e verdadeiros fiéis. Como achar o suor da mulher um defeito? O que sustenta isso? Evolua-se.
Como achar a menstruação da mulher um defeito, se ela é o lubrificante natural
e perfeito para o ato sexual? Além de ser também um contraceptivo natural? Como
achar os pelos pubianos da mulher que ornam a vagina em caichinhos de amor
compondo um Triângulo das Bermudas do amor - ali se vai, ali se some, ali se
morre, só que de prazer - um defeito? Quem não endeusa todas essas partes, detalhes,
aromas, paladares, visões das mulheres, que me perdoe, mas é um boiola
mal resolvido e emputecido, enganando uma deusa que está ao seu lado. E ela que aprenda a ver.
Também na Idade Média, o marido tinha o direito de
espancar a esposa.Ôh imbecilidade masculina, esses histéricos e incompetentes
que não sabem domar a mulher pelo afeto, amizade, amor, delicadeza e sonho.
Sim, domar, a poesia do verbo é essa, como a mulher doma o seu macho a seu
perfil e a relação se equilibra. Lei galesa dizia que o instrumento de “correção”
seria um bastão não maior que o braço do marido e não mais grosso que o dedo
médio dele. Amor e casamento nunca andaram juntos.
Já na Idade da Razão, século 18, o amor se torna ridículo, os ricos “educados” detestavam a ideia de serem escravizados pela emoção. Esses “ricos educados” na história do mundo sempre foram assim, Voltaire que tanto os conheceu, soube zombar com maestria dessa firula de personalidade. Ser escravizado pela mulher. O que pode haver de mal nisso, sem qualquer bobajada cafona e pobretona desses falsos tarados de internet que se auto-intitulam mazoquistas. Mulheres descobrirão o “verdadeiro” homem, nesse mar de vaidosos e fakes machos quando disser que vai escravizá-lo e seu acompanhante não segurar o sorriso de emoção, e imediatamente se acercar a ela, passar a respirar o mesmo ar que ela, juntinho, roçar o rosto em seu rosto e se oferecer docemente àquela forma de amor poético, onírico e delicado. Não se trata de uma ode construída à mulher como discurso politicamente correto, mas de uma invencibilidade: o quanto um homem pode resistir à mulher? O quanto puder é sua parcela de não homem.
Já na Idade da Razão, século 18, o amor se torna ridículo, os ricos “educados” detestavam a ideia de serem escravizados pela emoção. Esses “ricos educados” na história do mundo sempre foram assim, Voltaire que tanto os conheceu, soube zombar com maestria dessa firula de personalidade. Ser escravizado pela mulher. O que pode haver de mal nisso, sem qualquer bobajada cafona e pobretona desses falsos tarados de internet que se auto-intitulam mazoquistas. Mulheres descobrirão o “verdadeiro” homem, nesse mar de vaidosos e fakes machos quando disser que vai escravizá-lo e seu acompanhante não segurar o sorriso de emoção, e imediatamente se acercar a ela, passar a respirar o mesmo ar que ela, juntinho, roçar o rosto em seu rosto e se oferecer docemente àquela forma de amor poético, onírico e delicado. Não se trata de uma ode construída à mulher como discurso politicamente correto, mas de uma invencibilidade: o quanto um homem pode resistir à mulher? O quanto puder é sua parcela de não homem.
Só em 1940 é que o casamento por amor se
generaliza, por influência dos filmes de Hollywood, ainda que na década de 1950
as mocinhas ainda insistissem em se casar virgens. Tadinhas, quanto sacaneadas foram. A membrana
himenal continuou por muitas décadas a incomodar a mulher. Ainda incomoda. Passou a ser fonte de preocupação para a moça que nem exercícios “violentos”
podia fazer, com medo estúpido de se romper o tímpano vagínico, o que consegue ouvir
quando um homem está às portas de transformar a menina em mulher.
Todas essas visões poéticas ou bobas, cartesianas
ou urbanoides, melosas ou refinadas de sentir, de amar, de se relacionar,
veem-se, tiveram fortíssima influência no conceito de amor. Uma saída é se ouvir
o coração e perguntar a ele o que é, para cada um, o amor. Ele responderá, mas
uma coisa é importante: há que se estabelecer um diálogo racional com o
coração, e com o próprio amor. Amar não é fazer loucuras ou enfrentar consequências não inteligentes. Amar pode ser querer voar e
quando se descobre o segredo do outro, que ele também gostaria de voar com você,
aí tem-se a certeza que se está diante do amor. E toda a teoria pode ficar
reservada para estudiosos. Qualquer um ama, essa democracia do amor é das
melhores. Jean Menezes de Aguiar.
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