Tudo bem que estejamos na Idade Mídia, com i, conforme registra
Claudio Tognolli, A falácia genética, p. 282. Nesta, a verdade imposta
pelos jornais ossificam conceitos que fazem pouco caso da reflexão, do
pensamento, da lógica e da inteligência profundos. Mas a impressão é que nas
relações sociais não há mais cientistas e intelectuais, pensadores e artistas
verdadeiros, transgressores e libertos devassos morrendo de amor por suas
amadas com suas genialidades descaralhadas de cair o queixo, marginalizar,
transgredir e ofender intensamente a mesmice, o formalismo, a caretice e o
lugar comum. O medo desempregatício do tal mundo corporativo não permite
manifestações criativas e genuinamente ousadas. A vitaliciedade dos empregos
estatais é tão mais atrofiante da intelectualidade que nada reage, só finge. É a
pasmaceira do comum, do nivelado pelo meio, da segurança e do lucro que nunca é
dividido, jamais. Mas também é o azimuth da ausência de genialidade,
combinemos. Onde estão os loucos verdadeiros que não apenas se fantasiam de
loucos para vender Cds ou usam falsamente sandálias havaianas para se dizerem “descolados”?
Onde estão os poetas com seus textos infames e rasgados, arriscados e
limítrofes da insensatez amorosa, apaixonada como foram Vinícius de Morais,
Chico, Tom, Elis e outros meus, só meus? Jamais seus, estimo.
A brutalidade está tão organizada que um manifesto
chinfrim como esses é apedrejado por imbecis impuros (intelectuais
contaminados) como “lugar comum”, ou “ode a um prefabricado politicamente
incorreto” e outras asneiras de plantão. Mas fodam-se esses. Se um único
pensante me der olhar, consigo me salvar com esse único olhar e minha salvação,
feita por mim está garantida. Tenho uma meia dúzia de olhares, ainda tenho, inclusive
o de minha incondicional mãe baiana que às vezes me esquece, mas, ou seja, estou
sextuplamente salvo... Enquanto isso vou me divertindo com a horda. Um beijo
lascivo na parte feminina dela e um olhar para sua bunda quando anda. Esta
parte da horda ainda tem uma alegria assim quando se mexe ou fala. Já a outra,
preocupada em fazer barba, é o carinhoso desprezo, hic hic hic. Envelhecer está demorando
muito, que saco. Jean Menezes e Aguiar.
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