quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PM na USP, viva a PM

[PM. Democracia. Universidade. Burrice estudantil]

                Na época da ditadura falar mal da Gloriosa era moda. Não só da PM, falava-se de toda repressão. Talvez a PM, ali como força auxiliar do Exército, fosse o lado fraco da corda. Aguentou calada e obedeceu. O fato é que em todo mundo, onde há uma ditadura é assim, o sistema político não tem qualquer legitimidade e os agentes da repressão são visceralmente incinerados. E têm que ser.

Só que o Brasil, hoje, vive uma democracia plenária, aberta, feliz, não havendo qualquer dúvida em relação a isso. O problema é que alguns alunos feiticeiros de Stalin da USP parecem que não perceberam bem a mudança democrática.

                Para democracia há diversas concepções e conceitos. O prêmio Nobel de economia Amartya Sen, em seu ultimo livro A ideia de justiça, p. 359, cita o filósofo alemão Habermas. Diz que este pensador foi o responsável pela introdução no discurso político de “questões morais de justiça” e “questões instrumentais de poder e coerção”. Um Estado, uma sociedade, um grupamento de pessoas não serão democráticos se essas questões não estiverem no diálogo da governança participativa, como razão para legitimar o Estado.

                Quando na ditadura se reclamava da polícia no campus universitário, havia a “ameaça” de que o Estado não quisesse um saber livre. O binômio, ciência & tecnologia, vivia ameaçado. Questões moralescas e de força bruta boçal impediam a universidade livre. A resistência era, justamente, a universidade em si, pois que se achava pecaminosa a presença policial nela.

                Com a democracia traz-se para dentro do discurso político as questões de justiça, poder e coerção, no sentido de legitimá-lo. O fato é que crimes, isso mesmo, crimes mundanos contra rapazes e moças, ordinários e vis, foram sensivelmente reduzidos no campus da USP, quando alguma mente brilhante resolveu que ali não era [mais] um local impoliciável. A presença da PM além de não “atentar” contra a democracia universitária, o sacro saber superior, dava garantia às alunas, aos marmanjos e professores em geral.

                É claro que não se precisa invocar Habermas ou qualquer outro para se ver essa obviedade, doméstica, primária da segurança do cidadão no campus da USP. Mas uma meia dúzia de baderneiros, que devem dormir sonhando com Lindberg Farias, alguns até na onda gay do casamento-STF -, fazem de tudo para lançar uma plataforma política. Tolo isso, primário. E ainda há quem “compre” esses tontos.

                Toda vez que um maconheiro de plantão (maconheiro é apenas quem usa maconha; maconha–maconheiro, só isso) naquele aprazível campus é pegado em flagrante, outros vêm correndo e berram palavras de ordem. Em coro, de braços dados, como passeata dos sem-causa. Dizem que a democracia do país está em risco. Que voltou a ditadura. Que a PM é um órgão a serviço de interesses ocultos (bem, parece que a inteligência deles não viaja tanto).

                No último episódio da semana passada o tiro saiu pela culatra. Berraram, invadiram o prédio, resistiram e foram tecnicamente presos em flagrante. Às dezenas. A polícia agiu como uma orquestra sinfônica. Traçou uma estratégia antes, em concerto com o Judiciário e não falhou em nada na tática de ação. Se alunos psicanaliticamente revoltados com a mamãe que atrasou a mesada acham que gritar transforma crime em ato político, se deram mal. Foram indiciados criminalmente e responderão a processo.

                Talvez agora, no presumivelmente conforto dos seus lares de estudante da USP – esse preconceito estatal mantido contra as classes menos favorecidas continua odioso, Rubem Alves sugere vestibular por sorteio – eles reflitam. Agora também, às voltas com contratação e gasto com advogados, vejam que numa democracia quebrar coisas e bens dos outros é crime. Resistir à ordem legal de funcionário público também. Desacatar, também. Atirar pedras na polícia também. E se fizerem isso em mais de 3 pessoas, escorregam feito ovo cozido no azeite no prato para o crime de formação de quadrilha. Tudo isso houve.

                É claro que sempre poderá haver, amanha ou depois, um promotor modernoso defendendo os “garotos”, dizendo que isso é uma atividade “normal” do estudante. Há muitos fornos de pizza nesse país. Mas isso eles vão ter que torcer para que ocorra. Ou pedir para os papais mexerem os pauzinhos.

                As atabalhoadas “lideranças” desse néscio movimento estudantil, se é que nisso houve alguma liderança, deviam ser duplamente condenadas. É claro que quem já completou 18 anos de idade é proprietário do seu sistema respiratório, ou seja, é dono do seu nariz. Pode se influenciar com o que quiser e com qual tolo supuser. Mas no caso da USP, isso deve servir de lição. Que outros reitores não inventem tirar a PM dali. Que algum político “genial” não pense em tirar a PM dali. Aquilo pertence a São Paulo, ao Brasil e à sociedade como um todo. Há grandes crises atuais no país, corrupção, aposentadoria, mas a segurança das pessoas de bem é uma das maiores.

                O fato é que “não cola mais” aluninhos quebrando raivosamente bens públicos, cometendo autênticos crimes – há um Código Penal no país, parece que eles não sabem – e depois querendo transformar a delinquência em “ato político”. Como se não bastasse, querendo ser “perdoados”. O caminho da roça será a delegacia de polícia mais próxima. E a Gloriosa que se torna cada vez mais inenfrentável - já viram o equipamento dela?, pois é... – dará as “boas vindas” a “jovens” “baderneiros”.

                Antes que alguém corra, aflito e apressado para carimbar esta matéria de hoje de ortodoxa, conservadora, “reaça” ou direitona, é bom dar uma olhadinha no que produzo no Blog. Pode até se assustar sobre a minha visão do Estado, este nosso Estado brazuca com a sua joia da coroa, “Brasília”. Falar bem da PM não transforma ninguém em reacionário, principalmente quando ligamos 190 e ela vem correndo nos salvar, até para fazer centenas de partos, coisa que poucos sabem.

                Diversos governos têm passado, tanto pela USP quanto pela PM. Ambas têm “sobrevivido” a eles. Tanto professores quanto soldados em geral contam que às vezes querem desistir. Alguns às vezes desistem, outros se matam. Mas as instituições continuam. Quem falar que a PM agiu mal na USP é que estará sendo reacionário e conservador. O tempo da ditadura já passou. Esses alunos escolheram o pior caminho para aprender a lição. Até parece que eles é que tiveram saudade de uma época que eles nem sabem o que é. Jean Menezes de Aguiar

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